(cantiga de trabalho recolhida em Cambres)
Fui um dia passiár… para os ládos de paráda…
peguei na cana de pescár… dei fé da cana quebráda…
deitei os olhos à água… com raiva e compaixão…
tirei calças e seloiras… fui apanhar trutas à mão…
cáça aqui cáça aculá… caça aculá caça aqui…
eu saí fóra de água… a roupa nunca mais vi…
quem havia de ter levado… a menina de paráda…
eu pôs-me a corrêr tráz dela… com a truta dependórada…
ela virou-se para tráz… gritando à voz do rei…
se me dere essa truta… eu a roupa lhe darei…
em contente fiquei eu… mais contente ficou ela…
porque apanhou uma truta…
sem têr izól nem barbéla…
porque apanhou uma truta…
sem têr izól nem barbéla…
viva o nosso patrão que nos dá água pé, azeitonas e pão
Maria Cavaca